30 de abr. de 2009

Lembranças

Já vi em alguns blogs e sites hoje a boa lembrança dos 15 anos da morte de Roland Ratzenberger. Na época, com 10 anos de idade, apesar dos vários relatos de meu pai e de tudo o que eu lia sobre a história da Fórmula 1, não me passava pela cabeça que ainda era possível alguém morrer correndo ali.

Lembro do Jornal Nacional de sexta-feira, que mostrou inúmeras vezes o acidente de Rubens Barrichello. Aquilo já tinha me deixado um pouco preocupado, mas nunca pensava que algo pior poderia acontecer com aquelas pessoas, verdadeiros heróis dentro de seus carros de corrida.

No sábado, assistindo o treino de classificação, de repente, a imagem mostra o Simtek de Ratzenberger acidentado. A imagem no buraco na carenagem deixando o corpo do austríaco à mostra me chocou bastante naquele momento. Uma sensação que carrego até hoje. Quando a informação de que ele tinha morrido chegou, foi um dos maiores choques da minha vida.

Sinceramente, até aquele final de semana, nunca tinha me atentado para a existência dele. Agora, ele fazia parte de uma das imagens mais marcantes da minha vida.

No restante do dia, só conseguia falar disso. Queria saber mais. Quem era ele? De onde tinha vindo? Como era sua vida? Por onde correu? Por que corria? O que tinha causado o acidente? O que aconteceria com a Fórmula 1? Ia ter corrida no domingo?

Algumas dessas perguntas foram respondidas, outras não. Praticamente não dormi a noite com tantos pontos de interrogação na cabeça.

No dia seguinte veio o golpe. O acidente do ídolo me fez esquecer o coadjuvante que tinha me marcado tanto no dia anterior. Não me sinto envergonhado por isso. O que se espera de uma criança que vê desaparecer de repente a sua encarnação do super-homem, o cara indestrutível, o herói de infância? Imagino que para muitos, não só no Brasil, tenha sido assim.

O ser humano é assim mesmo. Não sei se está certo ou errado. É difícil julgar. Acredito que após aquele final de semana, muitos de nós exageramos nas emoções. Mas aos poucos a poeira vai baixando. O ídolo se tornou uma lenda. O coadjuvante se tornou uma lembrança.

Não vou ficar fazendo aqui melação e hipocrisia, dizendo que Ratzenberger foi esquecido, que deveria ser tão lembrando quanto Senna e tal. É lógico que a morte do brasileiro causou mais impacto por que ele era um ídolo mundial enquanto o outro era pouquíssimo conhecido até por quem acompanhava o esporte. Mas de qualquer maneira, acredito que o acidente de Ratzenberger deve ser sempre lembrado por todos aqueles que gostam do automobilismo como a de Gilles Villeneuve, Palettti, Ronnie Peterson, e outros que faleceram correndo pelas mais diversas categorias do mundo, do kart à Fórmula 1. Esses caras sabiam o que poderia acontecer quando entraram no carro. E a lembrança de suas mortes sempre nos farão pensar na importância da segurança e da coragem que esses seres humanos tem de fazer o que mais gostam: acelerar em uma pista de corrida.

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