21 de mar. de 2010

Senna 50

Não é novidade para ninguém que se estivesse vivo Ayrton Senna estaria completando hoje 50 anos. Os veículos de comunicação e blogs têm explorado bastante o assunto nos últimos dias, como não poderia deixar de ser.

O assunto Senna é muito complicado de se tratar, pois gera muita discussão, principalmente quando se leva para o lado do drama e idolatria quase que religiosa.

Claro que acho que Senna merece todas as homenagens possíveis. Ele é um dos grandes ídolos do esporte mundial, e no Brasil, talvez seja o único esportista que chegou ao patamar de Pelé, mesmo não sendo do futebol. Mas com muito cuidado, sem exageros.

Mesmo antes de morrer, Senna já gerava uma admiração gigantesca do público. Além de um piloto espetacular, entre os melhores da história, tinha um carisma que cativava muita gente, apesar de seu jeito reservado. Sua morte aconteceu ao vivo, na televisão, causando uma comoção nacional até mesmo em pessoas que não acompanhavam a Fórmula 1.

Como hoje é seu aniversário de nascimento, ou seja, de vida, prefiro lembrar de seus grandes momentos, grandes vitórias, que com certeza tiveram papel importante para que muitas crianças da época, inclusive eu, gostarem ainda mais de automobilismo.

Senna foi um piloto espetacular. Com certeza não foi o mais completo que passou pela Fórmula 1, mas tinha um talento nato incrível para condução de um carro. Tornou-se um dos principais nomes da história do automobilismo não por seus números em estatísticas, mas pela maneira que conquistou algumas de suas vitórias e muitos momentos em pista em que foi obrigado a demonstrar uma habilidade fantástica no controle de um carro de corridas, mesmo, muitas vezes, contra adversidades como chuva, problemas mecânicos ou oponentes com equipamentos melhores.

Difícil separar somente alguns momentos de sua carreira, mas tentei. Aqui segue o que para mim foram três dos que transformaram Senna de um grande piloto de Fórmula 1 em uma de suas lendas.

Primeiro, o Grande Prêmio de Japão de 1988. Senna precisava vencer para garantir seu primeiro título mundial. Seu principal concorrente era o companheiro de equipe na McLaren, e talvez o grande rival dentro das pistas, Alain Prost. Ayrton largava na pole position, mas o carro morreu na saída e ele caiu para a 16ª posição. Ele se recuperou de forma inacreditável e venceu. O carro da McLaren daquele ano realmente era fantástico, mas Prost tinha o mesmo equipamento e também foi superado na pista, apesar do começar com uma enorme vantagem. O vídeo abaixo é do Youtube, mostra a última volta da corrida.



Segundo momento escolhido é o GP Brasil de 1991. Senna nunca tinha vencido em seu país. No ano anterior, liderava a corrida quando tentou ultrapassar de forma precipitada um retardatário, Satoro Nakajima, e perdeu o bico do carro na colisão. Terminou em terceiro e viu seu desafeto Alain Prost vencer. Em 91, liderou a corrida inteira, mas viveu um drama nas últimas voltas. A caixa de câmbio quebrou e o piloto brasileiro ficou somente com a sexta marcha nas últimas oito voltas. Ricardo Patrese, de Williams, começou a tirar quatro segundos por volta e tudo parecia perdido. Para piorar, faltando três voltas, começou a chover em Interlagos. Mesmo assim, Senna tirou da cartola algo mais do carro e conseguiu sua primeira vitória em casa. Reparem no vídeo, na câmera on board, além do barulho do motor, como Senna não tira a mão do volante para trocar as marchas. Na época, a McLaren ainda não estava equipada com o sistema de câmbio borboleta. Com certeza, uma das vitórias mais espetaculares de qualquer piloto na história da Fórmula 1.



E para terminar, uma das obras primas de Senna. O GP da Europa de 1993 no circuito de Donington Park, na Inglaterra. Senna, com um carro bem inferior às Williams de Prost e Hill, e até mesmo que a Benetton de Schumacher, que levava apoio oficial de fábrica da Ford, enquanto a McLaren recebia sempre propulsor de uma geração anterior, venceu a corrida que contou com muitas trocas de pneus por causa do mau tempo. A vitória foi sensacional, mas o que entrou para história foi a primeira volta. Senna largava em quarto atrás de Prost, Hill e Schumacher. Na largada, Karl Wendlinger supreendeu e saiu da quinta para a terceira posição, ultrapassando o brasileiro e o alemão. Mas depois, Senna fez isso que está no vídeo. Se não existisse transmissão ou vídeo, acho que muitas pessoas não acreditariam.



Quem quiser, fique a vontade de relembrar outros grandes momentos de Senna nos comentários. Momentos, por favor, sem drama. Hoje é dia para lembrarmos porque Senna era um ídolo e não de fazermos luto.

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