11 de mar. de 2010

Temporada 2010 da Fórmula 1 promete ser uma das melhores dos últimos anos

Chegou a hora! Para todos os que gostam de corridas de carros, e mais especificamente da Fórmula 1, os meses entre novembro e março são sempre de muita ansiedade e procura de notícias sobre os novos carros, os pilotos, as mudanças de regulamento. Neste final de semana, a espera termina. Amanhã, os carros da principal categoria do automobilismo mundial entram na pista do Bahrein para os treinos livres da primeira etapa da promissora temporada de 2010.

A ansiedade para este campeonato se justifica. Um novo regulamento, a volta ao topo de equipes tradicionais como Ferrari e McLaren, volta da tradicional e vitoriosa marca Mercedes como construtora, novas duplas entre os principais times como Hamilton/Button e Alonso/Massa, a participação de quatro campeões mundiais e, claro, a volta às pistas do melhor piloto de todos os tempos, Michael Schumacher.

Sobre o regulamento, a mudança que mais chama a atenção é a proibição do reabastecimento. Os projetos dos carros tiveram que ser revistos, sendo que a maioria ganhou mais espaço entre eixos para abrigar um maior tanque de gasolina, além de novos estudos de suspensão buscando um desgaste menor de pneus, que a partir de agora se tornam peça chave na estratégia das equipes. As corridas deverão se tornar mais interessantes também, já que os pesos dos carros irão baixar durante as provas causando uma mudança de desempenho nos bólidos. Alguns renderão melhor no começo, com tanque cheio, outros ficarão melhores após gastar um pouco de combustível, enquanto outros irão se destacar pelo simples bom aproveitamento dos pneus. A habilidade dos pilotos para saber lidar com essas mudanças durante a prova será essencial.

Com o fim do reabastecimento, voltaremos a ver as voltas voadoras na classificação, acabando com a regra que obrigava os pilotos levarem a quantidade de combustível que iriam largar para o treino de formação do grid de largada, uma das ideias mais ridículas da história da Fórmula 1. O sistema do treino continua o mesmo, dividido em três fases.

O novo regulamento também mudou os pneus. Os compostos dianteiros passam a ser mais estreitos, deixando o carro um pouco mais difícil de guiar.

A pontuação do campeonato sofreu a mudança mais radical da história da categoria. Agora, os dez primeiros colocados recebem pontos na ordem 25, 18, 15, 12, 10, 8, 6, 4, 2 e 1. A ideia é aumentar as chances de mais times pontuarem, além de valorizar as primeiras posições.

Mas o que mais chama atenção para a temporada é a formação das duplas nos principais times e a proximidade dos tempos das equipes nos testes da pré-temporada. Além disso, a chegada de três novatas.

Ao final dos 15 dias de treinos de pré-temporada feitos na Espanha, tudo indica que Ferrari, Red Bull, McLaren são os três times que devem brigar por vitória já na primeira etapa. Mercedes estaria forte, porém um pouquinho atrás. Williams, Sauber e Force India mostraram boa velocidade também e devem brigar por pontos constantemente. Toro Rosso e Renault, apesar de estarem pouco atrás, também mostraram que podem incomodar e brigar pela zona de pontuação. Daí temos as novatas Lotus e Virgin, que se mostraram muito atrás do restante, andando em média quatro segundos mais lentas, e a Hispania ou HRT, ex-Campos, que nem mesmo testou.

A expectativa também é grande para saber como funcionarão as duplas da McLaren, com os ingleses campeões mundiais Jenson Button e Lewis Hamilton, e da Ferrari, com o brasileiro Felipe Massa e o espanhol bi-campeão do mundo Fernando Alonso. Apesar de muito se falar do encontro latino da equipe italiana, é a dupla inglesa que pode ser mais explosiva, já que estarão no foco dos mesmos veículos de imprensa e sofrerão comparações explícitas.

E claro, a volta de Michael Schumacher, detentor de sete títulos mundiais, será um dos grandes destaques da temporada. O piloto alemão defenderá a Mercedes, que também volta à categoria como equipe, depois de 55 anos de ausência, e sucesso nos últimos anos como fornecedora de motores da McLaren. Seu companheiro será Nico Rosberg, jovem piloto que finalmente tem a chance em um time de ponta. A estrutura do time é a Brawn GP, campeã de pilotos e construtores em 2009 e que foi comprada pela montadora alemã no fim do último ano. Nos testes de inverno não se destacou entre os mais rápidos, mas mostrou que não está longe dos primeiros.

A última novidade é a entrada de três novas equipes. A Virgin, a Hispania, e a Lótus, que apesar de utilizar o nome da tradicional equipe é um time totalmente novo baseado na Malásia.

Entre os brasileiros, Felipe Massa é a principal esperança de vitórias e de briga pelo título. Massa cresceu bastante desde 2008 e se tornou um piloto mais constante, que comete menos erros, sem perder a velocidade. Ele terá como companheiro um dos melhores pilotos da categoria dos últimos anos, Fernando Alonso, dono de dois títulos mundiais, um deles vencendo Michael Schumacher. Nunca foi segredo para ninguém que o espanhol sempre sonhou em dirigir pela Ferrari, e está sendo bastante inteligente e político neste início de contrato, tentando manter o clima com equipe e companheiro o mais amigável possível.

Após Massa, o Brasil terá Rubens Barrichello estreando pela tradicional equipe Williams. O brasileiro viveu um verdadeiro conto de fadas em 2009, quando saiu de piloto desempregado para candidato ao título em poucas semanas. Apesar de não ter vencido o campeonato, mostrou que ainda tem condições de brigar por vitórias. Seu objetivo será liderar o desenvolvimento desta nova Williams, que quer voltar a ser grande, e do motor Cosworth, que volta à Fórmula 1 após três anos de ausência. Terá como companheiro de equipe o estreante e habilidoso alemão (sim, outro na vida de Barrichello) Nico Hulkenberg. Ele foi campeão da GP2 em 2009 com muita propriedade e pode ser uma pedra no sapato do brasileiro.

Os outros dois pilotos do país fazem sua estreia na categoria por equipes novatas. Lucas Di Grassi é um caso de insistência. Extremamente habilidoso, constante e inteligente, participou do programa de desenvolvimento de pilotos da Renault, porém nunca teve chance na Fórmula 1. Em vez de desistir, insistiu em permanecer como piloto de testes da equipe e correu por quatro temporadas na GP2. Finalmente sua chance chegou. E merecida. Sua equipe será a Virgin, que também estreia. A multinacional do milionário Richard Branson comprou o direito de dar o seu nome à Manor, equipe inglesa que ganhou a vaga na Fórmula 1. O time construiu o próprio carro com método de desenvolvimento sem utilização de túnel de vento, apenas através do CFD, Computation Fluid Dynamics, que usa simulações de computador, buscando economizar orçamento. O responsável pelo projeto é Nick Wirth, que foi dono da equipe Simtek, na primeira metade dos anos 90, sem muito sucesso. O outro piloto da equipe é o alemão Timo Glock. Nos testes de inverno o time não teve um desempenho muito animador, e o objetivo dos dois pilotos deve ser tentar terminar as corridas e ficar a frente das outras novatas do grid.

E finalmente chegamos à história que deve causar muitos suspiros nos próximos dias: Bruno Senna. O sobrinho de Ayrton Senna, um dos maiores ídolos do esporte brasileiro, mostrou velocidade e mesmo não vencendo nenhum título, ganhou corridas em categorias importantes como F3 inglesa e GP2. Quase entrou na Fórmula 1 em 2009, pela Honda, antes dos japoneses decidirem vender o time, e assinou com a Campos para 2010. Viveu momentos difíceis nos últimos meses quando viu seu novo time quase perder a vaga no campeonato por falta de dinheiro, mas, no final, um novo investidor, Jose Ramon Carabante, salvou a equipe, e agora chega ao Bahrein para fazer sua estreia. O time foi rebatizado de Hispania (aparece oficialmente na lista da FIA como HRT). O carro foi concebido pela tradicional construtora italiana de chassis Dallara. Porém, por todos os problemas dos últimos meses, chega à primeira etapa sem nem mesmo ter realizado um shakedown. Será quase um milagre se conseguir completar as primeiras corridas. Para Senna, o objetivo nesta temporada será aprender muito e tentar ser o melhor entre os estreantes. Terá como companheiro de equipe o indiano Karun Chandhok.

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