Com o anúncio de ontem da Williams, Bruno Senna terá mais
uma chance na F1, talvez a primeira em uma condição mais competitiva para ser
avaliado.
Em 2010, ele pilotou a cadeira elétrica da Hispania, na
primeira temporada de ambos, e no ano passado, entrou na Renault no meio do campeonato,
com pouca experiência com o carro, e em um momento em que a equipe já tinha
desistido de investir em 2011 para focar no desenvolvimento do seu próximo
modelo.
A comparação direta entre Senna e Nick Heidfeld, que foi
substituído pelo brasileiro, somente pelos pontos não mostra a realidade do
desempenho dos dois.
O alemão andou por 11 corridas e marcou 34 pontos
enquanto Bruno correu em oito e somou dois. Só que, no período em que andou ao
lado de Heidfeld, Vitaly Petrov, o outro piloto do time, marcou 32 pontos e
depois da troca somou apenas quatro. Ou seja, o seu desempenho foi bastante
parecido com os dois companheiros. O que prova que o carro da Renault que caiu
bastante.
Agora, Bruno não terá desculpas, terá um companheiro
muito forte em classificação, mas ainda um pouco inconstante em corrida. Pastor
Maldonado chegou a surpreender em vários momentos de 2011, correndo ao lado de
Rubens Barrichello. O brasileiro terá a chance de participar, pela primeira vez
em sua carreira, de uma pré-temporada e do desenvolvimento do carro.
Ele também torce por uma reação da Williams, que vem de
sua pior temporada da história, e que investe na mudança do motor Cosworth para
o Renault e a troca de sua equipe técnica. Cobri in loco em 2011 a
pré-temporada e cinco GPs, e senti um time muito desorganizado, meio perdido, cometendo vários erros infantis,
com problemas internos e sem liderança. Vamos ver no que dá.
Sobre Rubens Barrichello, caso ele não decida correr pela
HRT (Hispania), esse deve ser o fim de sua carreira na Fórmula 1. Foram 19
temporadas. 19!
Muitos erros, muitos mesmo. Dentro e, especialmente, fora
da pista. Declarações meio sem cabimento, fora de hora, ou dificuldade de se
expressar em público marcaram e prejudicaram muito a carreira de Rubens.
Com a morte de Ayrton Senna, em 1994, ele foi incumbido
de levar adiante a dinastia brasileira na F1. O país tinha oito títulos mundiais
com Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna conquistados nas duas
décadas anteriores. Só entre 81 e 91, tinham sido seis em 10 anos. Rubens não
tinha condições de manter esse nível e pagou muito caro por esta pressão.
A pecha de número dois também o perseguiu, especialmente
com o caso do fatídico GP da Áustria de 2002.
Mas ele também teve muitos momentos maravilhosos. Donington
Park, em 93, com a Jordan, Magny-Cours, em 99, de Stewart, a sua primeira
vitória, em 2000, em Hockenheim, com a Ferrari, o triunfo em Silverstone, em
2003, também com o carro da equipe italiana, suas duas vitórias com a Brawn, em
2009, em Valência e Monza.
Até mesmo na Williams, em 2010, brilhou com boas
corridas, especialmente em Silverstone e Valência.
Teve o azar de, no auge de sua carreira, ser companheiro
de equipe do maior piloto de todos os tempos, Michael Schumacher.
No total, foram 325 GPs, 11 vitórias, 14 pole positions,
17 voltas mais rápidas, 658 pontos, 16631 voltas completadas e 80585
quilômetros percorridos. Com certeza, uma das carreiras mais legais da F1. Ele
pode não ter sido um gênio, mas tem o seu lugar na história da categoria com
certo destaque.
Pessoalmente, só posso dizer que fico contente
de ter conseguido cobrir essa temporada. Estive em cinco GPs, os últimos três
do ano, acompanhando o final da carreira de um dos pilotos mais importantes que
o Brasil teve na F1