18 de jan. de 2012

Bruno Senna e Barrichello


Com o anúncio de ontem da Williams, Bruno Senna terá mais uma chance na F1, talvez a primeira em uma condição mais competitiva para ser avaliado.

Em 2010, ele pilotou a cadeira elétrica da Hispania, na primeira temporada de ambos, e no ano passado, entrou na Renault no meio do campeonato, com pouca experiência com o carro, e em um momento em que a equipe já tinha desistido de investir em 2011 para focar no desenvolvimento do seu próximo modelo.

A comparação direta entre Senna e Nick Heidfeld, que foi substituído pelo brasileiro, somente pelos pontos não mostra a realidade do desempenho dos dois.

O alemão andou por 11 corridas e marcou 34 pontos enquanto Bruno correu em oito e somou dois. Só que, no período em que andou ao lado de Heidfeld, Vitaly Petrov, o outro piloto do time, marcou 32 pontos e depois da troca somou apenas quatro. Ou seja, o seu desempenho foi bastante parecido com os dois companheiros. O que prova que o carro da Renault que caiu bastante.

Agora, Bruno não terá desculpas, terá um companheiro muito forte em classificação, mas ainda um pouco inconstante em corrida. Pastor Maldonado chegou a surpreender em vários momentos de 2011, correndo ao lado de Rubens Barrichello. O brasileiro terá a chance de participar, pela primeira vez em sua carreira, de uma pré-temporada e do desenvolvimento do carro.

Ele também torce por uma reação da Williams, que vem de sua pior temporada da história, e que investe na mudança do motor Cosworth para o Renault e a troca de sua equipe técnica. Cobri in loco em 2011 a pré-temporada e cinco GPs, e senti um time muito desorganizado,  meio perdido, cometendo vários erros infantis, com problemas internos e sem liderança. Vamos ver no que dá.

Sobre Rubens Barrichello, caso ele não decida correr pela HRT (Hispania), esse deve ser o fim de sua carreira na Fórmula 1. Foram 19 temporadas. 19!

Muitos erros, muitos mesmo. Dentro e, especialmente, fora da pista. Declarações meio sem cabimento, fora de hora, ou dificuldade de se expressar em público marcaram e prejudicaram muito a carreira de Rubens.

Com a morte de Ayrton Senna, em 1994, ele foi incumbido de levar adiante a dinastia brasileira na F1. O país tinha oito títulos mundiais com Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna conquistados nas duas décadas anteriores. Só entre 81 e 91, tinham sido seis em 10 anos. Rubens não tinha condições de manter esse nível e pagou muito caro por esta pressão.

A pecha de número dois também o perseguiu, especialmente com o caso do fatídico GP da Áustria de 2002.

Mas ele também teve muitos momentos maravilhosos. Donington Park, em 93, com a Jordan, Magny-Cours, em 99, de Stewart, a sua primeira vitória, em 2000, em Hockenheim, com a Ferrari, o triunfo em Silverstone, em 2003, também com o carro da equipe italiana, suas duas vitórias com a Brawn, em 2009, em Valência e Monza.

Até mesmo na Williams, em 2010, brilhou com boas corridas, especialmente em Silverstone e Valência.

Teve o azar de, no auge de sua carreira, ser companheiro de equipe do maior piloto de todos os tempos, Michael Schumacher.

No total, foram 325 GPs, 11 vitórias, 14 pole positions, 17 voltas mais rápidas, 658 pontos, 16631 voltas completadas e 80585 quilômetros percorridos. Com certeza, uma das carreiras mais legais da F1. Ele pode não ter sido um gênio, mas tem o seu lugar na história da categoria com certo destaque.

Pessoalmente, só posso dizer que fico contente de ter conseguido cobrir essa temporada. Estive em cinco GPs, os últimos três do ano, acompanhando o final da carreira de um dos pilotos mais importantes que o Brasil teve na F1

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