5 de nov. de 2008

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Vou dar uma escapadinha do assunto normalmente debatido neste blog. Na madrugada de hoje, Barack Obama se tornou o novo presidente dos Estados Unidos. Em termos simbólicos, a sua vitória é interessantíssima do ponto de vista dele ser o primeiro negro da história a chegar à Casa Branca, sendo que há pouco mais de 40 anos os negros não podiam nem votar em alguns estados do país. É realmente uma evolução histórica bastante acelerada. Mas e agora?

Em um primeiro momento de seu mandato, o principal inimigo de Obama será a crise mundial. Quem é do automobilismo ficará igualmente atento a este fato, já que o problema também afeta o setor. Segundo editorial do jornal Estado de São Paulo de hoje, as montadoras brasileiras fecharam as vendas do mês de outubro com uma queda de 2,1% em relação ao mesmo mês do ano passado e 10,9% em relação a setembro de 2008. O mesmo texto diz que é a primeira vez em dois anos que a quantidade de carros vendida é menor do que a do mesmo mês do ano anterior.

Com o problema chegando às montadoras isso quer dizer menos investimentos, não só no desenvolvimento do automóvel de rua como também no automobilismo como esporte. E não são só as grandes categorias como Fórmula 1, Mundial de Rally e WTCC que devem sofrer, mas também os pequenos consumidores, como kartistas ou pilotos de categorias nacionais, com aumentos de preço e menor variedade de produtos.

Isso tudo é uma pequeníssima visão de um dos segmentos da economia mundial que será afetada mais drasticamente nos próximos anos. E como Obama vai lidar com isso? Essa é a pergunta principal de hoje.

O importante é ninguém imaginar que o mundo vai mudar radicalmente do dia para a noite com essa eleição. Em seu discurso nessa madrugada, o novo presidente dos Estados Unidos disse que “a mudança chegou”. Sim, mas mesmo que um republicano (no caso McCain) vencesse a disputa, seria praticamente impossível se manter as políticas econômica e a diplomática de déficits, guerras desenfreadas e total desarmonia com o resto do mundo.

Porém, é preciso entender que no final das contas, republicanos e democratas, apesar de defenderem modelos de administração e do funcionamento da máquina pública diferentes, têm princípios e objetivos iguais. Não podemos esperar uma nova era no mundo e na política norte americana. Isso é um devaneio alimentado pelo fim de um dos mais desastrosos e mundialmente odiados governos da história dos Estados Unidos.

Aqui do meu insignificante cantinho no Brasil, Barack Obama me parece um homem carismático, que conquista suas platéias com discursos muito bem escritos, apesar de não assumir grandes e reais compromissos para o seu governo. Terá uma maioria importante no Congresso que lhe dará a chance de concertar muita coisa da atual administração. Mas sem essa de um novo governante que veio para salvar o mundo do mal e da injustiça. Isso só no cinema. No americano. Aquele bem comercialzinho, sabe?

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