13 de jan. de 2010

Dia em Lisboa

Direto de Portugal, o segundo boletim da minha saga europeia.

Hoje foi meu segundo e último dia em Lisboa. Amanhã, no final da manhã, pego um avião para Valência. Mas é bom lembrar que na volta, no fim da viagem, eu terei mais um dia inteiro na cidade antes do vôo para o Brasil.

Acordei eram oito e meia. Tomei um banho e desci para a cozinha. O hostel tem uma cozinheira que prepara café da manhã para a galera. As opções de hoje eram crepe ou ovos mechidos com torrada. Fui na segunda. Para beber tem suco de laranja, água, café e chá. Tudo incluso e muito bem arrumadinho como quase tudo no hostel.

Enquanto degustava o café conheci Pedro, um mineiro que está fazendo faculdade de economia em Roma e está aproveitando as últimas férias antes de se formar para viajar um pouco com sua mãe, que mora no Brasil. Um papo legal sobre morar na Europa e tudo mais e ainda recebi o convite para ficar na casa dele quando passar em Roma ou simplesmente a companhia para andar na cidade. Sempre bom.

Pedro ia passear com sua mãe e eu segui o meu caminho. Pedi orientações para a menina do albergue (não guardei o nome...) sobre como chegar a Belém. Tem um bonde que vai para lá que passa simplesmente na praça do hostel. Dois euros e alguma coisa para ir e voltar.

O tempo estava fechado e apesar de não chover naquele momento, era nítido que a coisa poderia mudar a qualquer momento. No caminho à Belém conheci no bonde o Sr. Carlos, que me ensinou um pouco sobre como visitar o bairro e porque Vasco da Gama é um herói nacional e Pedro Álvarez Cabral não é tão reconhecido. "Cabral simplesmente foi onde o rei mandou ele ir", explicou.

Em dois dias de Lisboa já vi a Avenida Vasco da Gama, a Ponte Vasco da Gama, a Praça Vasco da Gama, o Shopping Vasco da Gama, a Torre Vasco da Gama e por ai vai, enquanto, realmente, ainda não vi nenhuma menção a Cabral.

Bem, desci do bonde em frente ao Mosteiro dos Jeronimos, um dos pontos de visitação de Belém. Ele foi contruído por D. Manuel I para ser um mausoleu da dinastia de Avis, a segunda na história portuguesa.

Nele estão sepultados, além de vários reis e suas famílias, Camões, Fernando Pessoa e... Vasco da Gama, claro.

A Sala dos Reis conta com uma árvore genealogica das dinastias portuguesas. Achei lá Dom João VI e D. Pedro IV, que antes de reinar em Portugal foi nosso Dom Pedro I. Os apelidos são bons também, enquanto o pai era o "O Rei Clemente", o segundo era "O Rei Soldado". Interessante é que Dom Pedro é um dos poucos monarcas retratados em quadros nesta sala, com sua filha e a segunda esposa. Aliás, o meu albergue fica na Praça Dom Pedro IV e tem uma estátua enorme dele no meio.

Saindo do Mosteiro, segui para a Torre de Belém. Uma caminhada de uns dez minutinhos já debaixo de uma garoa fina. A contrução é na verdade um forte que protejia a entrada do Rio Tejo, junto com mais dois fortes. É uma vista legal, vale a pena.

Depois segui para o Padrão dos Descobrimentos, uma homenagem ao infante Dom Henrique, um dos principais encorajadores das grandes navegações. Dos vários totens, estátuas e construções em homenagem a alguém ou alguma coisa que existem na cidade, esta é, com certeza, a que achei mais bonita. Fica à beira do Rio Tejo, tem sete andares da altura (sobe-se de elevador até o alto). Tirei fotos que depois tentarei postar aqui. Realmente é muito bonito. Atrás, feita no chão, conta com uma rosa dos ventos doada pelo governo sul-africano nos anos 60 pelo "descobrimento" do Cabo da Boa Esperança.

Aquela garoa já estava apertando mais um pouco e depois de uma boa andada pelo bairro resolvi que era hora de comer o famoso pastelzinho de Belém. O lugar indicado é uma confeitaria na frente do ponto do bonde, que segundo me disseram é o que faz o original. Realmente uma delícia. Eles tiram uma fornada gigante a cada 20 minutos de tão grande que é o movimento. O bom é que está sempre quentinho. Aproveitei e comi também dois bolinhos de bacalhau. Dois euros e alguma coisa esta "refeição".

Na volta, a chuva apertou e resolvi dar um tempinho no hostel para ver se ela diminuía. O casaco, apesar de não ser impermeável, e a bota, ambos da Timberland, estão aguentando bem demais. (Se eles quiserem patrocinar minhas viagens posso falar mais detalhes sobre a coleção).

Fiquei quase uma hora no albergue, conversei um pouco com a menina da recepção que me ensinou uns caminhos para visitar o famoso Bairro Alto. A chuva não diminuiu muito, mas saí mesmo assim desbravando Lisboa. Rodei por umas duas horas e passando por outro bairro, o Chiado, vi o famoso bar "A Brasileira", que todo mundo comenta por aqui, e o Largo do Carmo, uma praça pequena comparada com as demais da cidade, que não tem nada demais, mas que, segundo explica o site da cidade, foi um dos locais mais importantes na Revolução dos Cravos, em 1974, quando um levante militar derrubou o governo ditatorial de Oliveira Salazar. Um dos momentos mais importantes da historia recente do país. Lá pelas seis horas voltei ao hostel, debaixo de muita chuva.

Ontem durmi sozinho no quarto e hoje chegaram uma sueca e um casal de brasileiros. Todos parecem ser legais. Acho bom isso, já que um dos principais obejtivos de se fcar em albergue é, além de economizar, conhecer pessoas.

O saldo final de Lisboa é bom. Uma cidade com gente muito simpática, organizada, barata e que na sua maioria está bem conservada.

Agora é descansar, talvez dar mais um volta para conhecer um pouco da noite portuguesa e depois descansar para pegar o vôo para Valência, de onde escreverei amanhã. Hoje não publiquei fotos por pura preguiça, mas tentarei melhorar isso nos próximos posts, sempre dependento da estrutura do albergue.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei do sabor e do teor de sua conversa.Dá vontade de ler mais, e quando acaba, fica aquele gostinho de que pena ! já acabou ! Por favor, não deixe de ir ouvir um fado cantado pela dona do restaurante, tocado por eximios guitarristas (na rua dos Diarios Associados) e acompanhado por bacalhau com natas.Acho q o nome do lugar é " Se me disses" ou algo por aí...Até amanhã !!!! Adriana